Ontem o RoRo mordeu um palmito e gritou: "Ai meu dente!". Disse que machucou, mas não vi nada diferente. À noite, ao escovar seus dentes, percebi que o tal dente estava mole. Como um palmito podia ser tão maldoso assim?
É, mas o palmito não foi o vilão. Ele só mostrou que aquele incisivo está querendo cair...
Quanto temor começou a rondar sua cabecinha: "E se eu engolir o dente?", "E se cair na escola?", "Vai doer?", "E se cair e eu estiver dormindo?". Perguntas temperadas por lágrimas assustadas e curiosas que me fizeram lembrar da minha primeira mesntruação. Diferente de gerações anteriores à minha que foram pegas de surpresa, eu sabia o que era, que meu dia ia chegar, mas lembro-me com clareza do quanto chorei. Eu tinha completado 13 anos, mas chorava porque eu não queria aquilo para mim. Eu ainda brincava de boneca, era uma criançona. Não queria crescer, mas a maturidade batia na porta.
Com o RoRo vejo o mesmo filminho. Ele, com 5 anos e 2 meses, chora pelo temor de perder os dentes, pelo temor do novo. Pela primeira vez pensei o crescimento pela ótica do desconhecido. Crescer significa enfrentar o que não se conhece: a vida sem chupeta, sem mamadeira, sem fralda, sem grade na cama, sem os dentes!
Minha sobrinha foi das últimas amiguinhas a perder o primeiro dente e torcia para este dia chegar. O novo era um troféu. Já com o RoRo (e mesmo comigo - tal mãe, tal filho!), o novo é um fantasminha que assusta. A fadinha do dente vai ter que ser generosa para mostrar que crescer faz parte da vida...
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