11 de janeiro de 2012

Um dia chuvoso no Instituto Butantan

Férias na própria cidade merece uma dose de criatividade para não ter cara de fim de semana comum. Ontem, foi dia do RoRo e da Lalinha dormirem na casa da tia com as primas. Hoje, claro, não queriam se separar. Chovia, mais fino, mais grosso, aquela chuva intermitente, que molha se não estivermos protegidos. Se a tarde e a noite de ontem foram da minha irmã, nada mais justo do que hoje ser meu dia de entreter a galerinha.

Viemos para casa. Eu não estava afim de manter confinadas quatro crianças em um apartamento. Já tinham assistido à TV e explorado quase todos os brinquedos de casa até a hora do almoço. Com chuva, difícil saber quem enlouqueceria antes, eles ou eu (acho que eu!). Por isto, eu procurava um passeio que tivesse cara de lazer, que fosse barato, divertido e novo, que ocupasse a toda a tarde e que fosse perto de casa. Quando estou com as quatro crianças, 3 de 3 e 1 de 5 no meu Paliozinho, meu raio de circulação tem que ser curto (eu infrinjo a lei com duas crianças no meio de duas cadeirinhas, uma no colo da outra). Embora tenha um shopping bem pertinho de casa, abomino a cômoda opção garagem-garagem que os shoppings oferecem. Primeiro por associar lazer a consumo. Segundo, porque criança nesta idade pode bem se molhar em chuva de verão. Não tive dúvida, a opção que atendia a todos os meus requisitos: Instituto Butantan.

Lá fomos nós, a mãe-tia maluca – avessa à shopping, dona de um carro popular onde é fisicamente impossível ser correta transportando 4 crianças em 4 cadeirinhas, e que adorava tomar chuva na infância –, as 3 princesas-bailarinas (trajando saias cor de rosa de fantasias indefinidas, rostos pintados e chinelos de dedo) e nosso guia turístico (já visitara o Instituto no ano anterior) e mediador (às vezes provocador) de encrencas. Um cutucão daqui e outro dali, logo nos deparamos com um lugar lindo. Depois de pelo menos 30 anos da minha única visita aoButantan, não tinha a menor lembrança ou ideia de que encontraríamos ali uma paisagem de férias, daquelas que nos faz esquecer a cidade concretada de todo dia.

Que delícia! Carro estacionado, chuva grossinha. Muitas poças pelo chão e enxurradinhas rua abaixo. Todos felizes por desfilarem com seus queridos e pouco usados guarda-chuvas. Ninguém via ninguém. Algumas trombadas. Pés molhados. Sorrisos nos rostos. Primeira parada: Museu Biológico. Fascínio de uns, temor de outros. Cobra, cobrinha, cobrona! Espaço bonito, bem conservado. Muito bicho esquisito... Segunda parada: banheiro. Se alguém já foi com 3 de 3 e 1 de 5 num banheiro público com 5 guarda-chuvas ensopados pode imaginar que a coisa vai além de um simples xixi. Antes de autorizar os xixis, conferência da limpeza dos banheiros (nota 10). Portas abertas, descarga em série (isso mesmo, fui de cabine em cabine apertando a descarga, alta para crianças). Mãos do RoRo lavadas, mãos da Dodoca lavadas, tudo encaminhado com as outras princesas-bailarinhas. Minha vez de fazer xixi e a voz da moça da limpeza do banheiro em meio às vozes que me falavam que havia confusão, mas não eram claras para eu entender qual a confusão: “Não briguem meninas... Não precisa bater...”. Ai!!!! Bermuda arreada no meio do banheiro. Lalinha e Kicoca se pegaram por causa da pia baixinha, que não foi suficiente para duas lindas espaçosas. Camiseta da Kicoca ensopada e em choro daqueles: “Quero trocar a camiseta!!!!” . Eu não trouxe outra, respondi (sim, me dei o direito de ir apenas com uma bolsinha). “Queeeeero ir emboooooora!!!!!”. E uma ideia iluminada. Coloquei um pedaço de papel toalha entre a camiseta molhada e seu corpo. Ganhei um sorriso mais iluminado do que minha ideia. Ótimo. Era vez da terceira parada: macacário. Teve nariz torcido por causa do cheiro da ração e começo de cansaço pelo uso do guarda-chuva (não que a distância de um lugar para outro fosse longa, mas nunca os quatro tinham andado tanto de guarda-chuva!). Lalinha e Kikoca resolveram me entregar seus guarda-chuvas. A chuva era mais leve do que o esforço de manter o braço na mesma posição por, a essa altura, quase 20 minutos.

Subidinha para a última atração. Choro de quero ir embora. Mas o passeio não podia acabar. Ainda estávamos no meio da tarde... Pausa nas visitações com a quarta parada: um diamante negro para cada um na lanchonete (bem ruinzinha) – o lanche para valer nos esperava em casa. Energia reposta, chuva grossa e lá fomos para o Museu de Microbiologia. Que surpresa! Depois de eu tremer de medo de alguém derrubar um microscópio, sossegamos num espaço para crianças, super lúdico e interativo. Foi difícil ir embora. As crianças amaram os jogos da maçã e do iogurte (vale a vista para saberem o que estou falando). Fechamos com uma visita rápida à Praça dos Cientistas, afinal, é hora de voltar para casa quando uma criança tenta tirar os óculos do busto de um dos cientistas!

Indo para o carro encontramos uma excursão de jovens japoneses. Espanto, admiração e vergonha, por só ter voltado ali mais de 30 anos depois. Nunca é tarde. A visita vale muito à pena! Prova disto não são os japoneses, mas a cantoria alegre das crianças e um grito com 8 mãos sobrepostas: “Irmãs irmãs, primos primos, para SEMPRE!”. Delicioso.

Um comentário:

Cynthia Souza disse...

Que lindo o passeio , e que corajosa hein!
Quando saímos todos (2 de 6, 1 de 4,1 de 3 e uma de 1) vamos em duas eu e minha irmã, é cansativo mais vale á pena!
Vamos ver como vai ser nas próximas férias, quando minha irmã vai estar de bb, ai serão 6 crianças, mais é sempre bom essa interação de primos, tb preferimos lugares diferentes de shoppings.
Bjks