Como foi difícil para o RoRo usar a privada. Primeiro, fazer xixi. O xixi intencional só saía no ralo do chuveiro, mesmo fora da hora do banho. Com muita insistência do pai, a privada virou o alvo do xixi. Mas o cocô... Esse, só na fralda, mesmo depois de tirar a fralda noturna.
Na tentativa de obter sucesso, compramos todos os livros e filmes com o tema, privadinhas, redutor de assento. Valia levar livrinho para ler no banheiro, contar história, ter companhia, ficar sozinho, tudo! Até ajuda profissional pedimos (mesmo com o pediatra dizendo que podíamos esperar até os 5 anos) e a orientação foi: "Cheguem em casa e expliquem que ele cresceu e que fralda é coisa de nenê, que ele não precisa dela para fazer côco". Tudo explicado, colhemos o que temíamos, uma tremenda constipação. Voltamos para a fralda, afinal, o RoRo tinha deixado a chupeta, o paninho, a mamadeira... Uma hora ia também abandonar a fralda.
Ouvi as mais variadas hipóteses, principalmente que talvez ele não conseguisse se desprender de sua "obra". Sabíamos que esta hipótese era furada, pois todos os cocôs iam da fralda para a privada com um tchau vitorioso. Este não era o problema.
A situação estava ficando insustentável. Nem fralda do seu tamanho era fácil de encontrar... Ele já estava com quase 4 anos!
A segunda tentativa de erradicar este comportamento foi dizer que ele teria que sentar-se na privada, mesmo com fralda. Imaginávamos que esta seria uma forma de se familiarizar com o vaso. Ledo engano.
Foi aí que nos demos conta que toda essa situação era criada para nos manipular: a hora de fazer cocô era a hora do almoço (e a Lalinha dependia de nós, pais, para comer). Pedir para colocarmos sua fralda era um jeito de ter nossa atenção com exclusividade ou de fazer com que a irmã não a tivesse por inteiro.
Tentamos cortar a situação dizendo que eu não iríamos mais colocar a fralda, que se ele não usasse a privada teria que colocá-la sozinho. Rapidinho ele aprendeu a colocar a fralda. O que demoramos para perceber é que não havíamos feito o corte por inteiro. Ele punha a fralda e nós a tirávamos. A dinâmica continuava a mesma, até que um dia dissemos: "Agora é hora do almoço. Quer fazer cocô na fralda, coloque-a e depois que fizer cocô, tire-a. Um de nós vai no banheiro só para te limpar". Foram 2 dias reclamando. No terceiro encarou o trono na maior naturalidade.
O que lhe faltava não era maturidade, nem limite de "senta e faz, você cresceu". Faltava a compreensão de que a fralda estava sendo usada como um instrumento para ganhar, num determinado momento do dia, atenção exclusiva. Ela tinha poder: eu posso, eu faço. Ela era sua "obra".
Nenhum comentário:
Postar um comentário