No meio do mês passado a escola das crianças fez um acantonamento, uma noite em que as crianças com mais de três anos podem dormir na escola e participar de atividades programadas para a ocasião.
Até o ano passado, mesmo com 3 anos, eu não havia cogitado a ida do RoRo porque ele só dormira sozinho na casa dos meus pais algumas raras vezes e, sempre que questionado se queria dormir na casa de alguém a resposta era não. Achei que seria forçar a barra.
Este ano, ouvindo a confirmação da presença de crianças menores, perguntei-lhe se gostaria de participar do acantonamento. Ele disse que sim, apesar dos pouquissímos amigos de sua sala participarem (e os que participaram estavam acompanhados de irmão mais velho).
A noite chegou e ele estava alegre, feliz, contando para todos que dormiria na escola. Pegamos a mochila arrumada conjuntamente, o colchonete comprado especialmente para a noite, e parti para a aventura de deixá-lo dormir fora de casa pela primeira vez (a casa dos meus pais não conta!).
Confesso que achei tudo diferente. A escola vista à noite, as salas transformadas em quartos, professores e alunos de outro período presentes e do nosso período ausentes, ex-alunos... Era outra escola. Todos brincavam, mas achei o RoRo meio tenso. Vim para casa e resolvi (tentar) dormir no meu horário habitual. Eu não estava tranquila. O RoRo tinha ficado apreensivo no familiar novo ambiente. Com muito esforço adormeci e um tempo depois o telefone tocou. Eram mais de 11 da noite. Enquanto existiu brincadeira ele curtiu. Na hora de dormir, preferiu voltar para casa.
Mesmo sonolenta, o curto percurso de casa para a escola virou uma longa exibição de flashes do meu pai fazendo baldiação noturna de filhos e amigos dos filhos e do que meu futuro me reserva (pensei "Isso é tarefa para pai, mãe já acorda muito na infância!" - apesar de ser totalmente adepta, hoje, a filho, no futuro, só sair a noite de táxi ou outro transporte seguro). Quando cheguei na escola havia um silêncio inabitual - as crianças já dormiam. No pijama verde de aviões, tive orgulho daquela carinha linda cheia de lágrimas. Torcíamos para a empreitada ser um sucesso. E foi. O RoRo teve a vontade de experimentar e a percepção do seu limite. Foi grande. Voltou para casa certo de que nela ele tem o apoio que precisa, trazendo da sua tão saborosa experiência uma bala da pinhata para cada um de nós.
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