Tem quem diga que criança “não entende nada”. Não sou desta opinião. Criança entende e percebe as coisas mais do que a gente pensa e, às vezes, entende e percebe as coisas mais do que gente grande. Fico surpresa quando alguém me conta que está grávida do segundo filho e que o primeiro “não entende o que está acontecendo porque ainda é muito pequeno”. Será?
Concordo que entender uma gravidez, no sentido biológico, é um tanto complexo para uma criança de um ano e três meses, mas negar sua percepção em relação à ela é medíocre. A criança tem a capacidade de perceber o que acontece ao seu redor como poucos. Suas barreiras frente ao mundo ainda estão sendo construídas e o que rola ao seu redor é percebido com intensidade. Quem nega essa percepção, e subestima a capacidade da criança de perceber o mundo, é o adulto.
Na gravidez da Lalinha, com cinco dias de atraso da minha menstruação (ela já vinha atrasando e achei que tudo ia bem) o RoRo não conseguia dormir. Era uma inquietação de sono diferente das outras que já tivera. Eu estava cansada e, para não levá-lo para minha cama, decidi abrir o sofá cama que ficava no escritório para ver se ele adormecia ao meu lado. Ele dormiu, abraçado em mim, com a cabeça sobre a minha barriga. A cada tentativa de tirar sua cabeça da minha barriga, ele voltava para ela. Foram dois dias dormindo assim, até que confirmei a gravidez. No mesmo dia em que soubemos do resultado, contamos ao RoRo que na barriga da mamãe tinha uma bebê que estava vindo para se mais uma pessoa para amá-lo muito. Como um passe de mágica ele voltou a dormir tranquilo em seu berço.
Acredito que a mágica foi ter verbalizado o que seu precário vocabulário não conseguiu dizer, mas que sua sensibilidade aguçada disse num gesto mais bonito do que muitas palavras. Deitado na minha barriga ele não brigava por espaço, querendo a mãe só para ele. Ele fazia carinho naquele serzinho em formação, pois sabia que o bebê estava vindo ao mundo para fazer nossa casa ainda mais feliz. E assim tem sido.
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