Voltando da escola com meus filhos e um amigo do RoRo, a conversa foi rolando em meio à frase do meu filho: “Eu odeio a Xuxa”. O amigo completou: “Minha mãe também odeia a Xuxa; ela fala que tem muita propaganda de brinquedo da Xuxa. Eu odeio a Xuxa (...). A Tereza e a Helena (amigas da escola) têm o computador da Xuxa e elas disseram que as mães delas também odeiam a Xuxa”. Em simples coro de repeteco, os três vieram rindo no carro com a frase “Eu odeio a Xuxa”. Ouvi e só falei que, além de brinquedo, a Xuxa, quando as mães eram crianças, tinha uma programa na TV. Não entrei na história de a Xuxa ser totalmente sem graça e cantar músicas imbecis que só faziam a criança pular sem estimular nenhum vocabulário, imaginação e brincadeira. Ela não merece maior apresentação. Melhor que continuem achando que a Xuxa é apenas uma figura carimbada em alguns brinquedos e em um parque de diversões, e não a Rainha dos Baixinhos e criadora do sonho de ser Paquita. Se foi rainha, foi porque não tinha tanta gente fazendo continuamente boa música para criança como tem hoje.
O assunto Xuxa se encerrou antes mesmo de chegarmos em casa. Depois do almoço a Lalinha quis brincar com as primas, Kicoca e Dororoca. Cada uma com uma boneca, começaram a conversar quem seria quem na brincadeira. A Lalinha disse “Eu vou ser a Sandra Peres”. Não, disse a Kikoca, “Eu vou ser a mãe da Sandra Peres bebê”. “ Não, você vai ser a vó da Sandra Peres bebê”. E por aí foram tentando definir quem seria quem. Felizmente, para minha alegria e esperança, não queriam ser a Xuxa. Queriam ser alguém que o mundo mirim e adulto admira pela sua expressividade, criatividade, inteligência e respeito à infância. Queriam ser alguém que é simplesmente gente e encanta com palavras cantadas.
Ainda bem que a monarquia acabou. Viva a democracia musical infantil. Viva a possibilidade saudável de identificação.
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