3 de dezembro de 2009

"Meu peitinho está balançando..."

O RoRo está descobrindo corpos, o seu e o das outras pessoas. Da diferença entre menino e menina a ter cabelos ou ser careca, das cores de olhos, pele e cabelos às capacidades corporais, corpo e suas partes é assunto diário em casa.  Peito, peitinho e peitão têm sido temas frequentes. Aparentemente complicado diferenciar um do outro, ajudamos-o assim:

Peito - todo mundo tem, menino e menina, homem e mulher, é toda a região peitoral.

Peitinho - é o mamilo, nome engraçado, difícil de lembrar.

Peitão - é o seio, e insistimos na palavra correta para não vulgarizar ou banalizar tão cedo, o que mais tarde, invariavelmente, vai sair da boca de um ser falante para denominar seio grande, farto.

Essa explicação, aqui, é só para narrar um episódio vivido na subida de uma ladeira. O RoRo pára e fala: "Mamãe, meu peitinho tá pulando".

Não entendi nada. Perguntei o que ele queria dizer. Levantou a camiseta e apontou pro mamilo dizendo, "Aquele..." (de nome difícil de lembrar).

Olhei bem, achei estranho; coloquei a mão em seu peito. Peguei sua mão e coloquei sobre o coração. "É isso que está pulando?", perguntei. "É...", ele respondeu.

"Isso é seu coração batendo. Parece que ele pula, mas a gente diz que ele bate". O RoRo acabava de descobrir a batida do coração, que mora no peito!

11 de setembro de 2009

Água benta de colher

É impossível monitorar minha duplinha o tempo todo. Minha casa é bastante segura, mas quando uma porta de banheiro fica aberta... o perigo está por fio.

Eu fazia alguma coisa na cozinha junto com minha empregada enquanto as crianças assistiam a um desenho na TV. Tudo ia bem até que começamos a ouvir risadas altas e felizes demais vindas do lavabo. O RoRo acabara de fazer xixi e a sempre fascinada por água Lalinha não teve dúvida: pegou uma colher de brinquedo que estava por perto e se deliciou com a água de privada temperada pelo xixi do irmão...

Mais um presente

Depois do Dia dos Pais veio o aniversário da minha mãe. Meus inseparáveis baixinhos foram comigo comprar um conjunto de calcinha e sutiã para presenteá-la - compra que só foi possível depois que ambos tomaram café expresso da máquina da loja (acho que um deles vai ser barista porque amam café!).

Agora é a vez do meu pai. Perguntei ao Roro o que ele queria dar de aniversário para o avô e ele disse: "Menino ganha brinquedo; menina ganha calcinha". Repliquei: "Menino pode ganhar cueca", e ele, rapidamente, completou: "ou sunga". Ele leu meus pensamentos. Sunga estava na minha lista dos presentes possíveis. O avô vai ganhar sunga para nadar com os netos. O neto está sabendo bem a diferença entre menino e menina, e aprimorando o conceito de presentear.

12 de agosto de 2009

Presente de Dia dos Pais

Domingo passado foi Dia dos Pais. Mesmo não dando muita importância para datas comerciais, perguntei ao RoRo o que ele queria dar de presente para o pai. Ele foi assertivo: "um avião". Achei que era mais uma de suas viagens e não dei muita bola. No dia seguinte perguntei novamente - porque o pai é dele e acho que a criança precisa aprender a presentear, escolher, participar - e a resposta foi a mesma. Perguntei se o avião era de verdade ou de brinquedo. Para meu alívio ele queria um avião de brinquedo. Não achei má ideia, estávamos em contenção de despesas.

A semana acabava e o meu prazo para a compra do presente também. Perguntei-lhe mais uma vez o que queria dar para o pai de Dia dos Pais e a resposta foi ainda mais pontual: "um avião vermelho". Mas por quê um avião vermelho se a única relação do pai com aviões é que ele viaja a cada dois ou três meses neste meio de transporte? O RoRo não hesitou: "para o papai brincar comigo". Fiquei tão surpresa com a resposta que não tive dúvida, fomos numa loja de brinquedos.

O RoRo não gostou dos aviões; preferiu um helicóptero vermelho. O pai, ao abrir o presente, ficou meio sem jeito, sem entender muito bem porque eu tinha comprado aquele presente (sim, porque quem comprou, de fato, fui eu). Não comprei pelo preço (podia ter dado um CD, se quisesse apenas gastar pouco - e gastaria menos!). Comprei porque eu não tinha entendido porque o RoRo escolhera aquele presente (desconfio que pela imaturidade de entender que um presente deve agradar o presenteado, não o presenteador). Comprei, principalmente, porque achei bonito o filho querer algo para o pai brincar com ele (felizmente o pai brinca bastante com os filhos). O brinquedo sagrou uma relação ímpar. Ninguém podia, pelo menos nos primeiros dias, brincar com o helicóptero porque ele era do pai; ou melhor, ele era o pai: grande, imponente, e só o RoRo podia brincar com ele (pelo menos um pouco mais do que só os fins de semana...).

Não me arrependi da compra do presente, afinal, só se é pai porque se tem filho e, se tem filho, tem que brincar com ele!

5 de agosto de 2009

Viver despenteada

Quando li o texto "Viver Despenteada", de autor(a) desconhecido(a), enviado por uma prima por e-mail, só consegui pensar que nunca fui tão despenteada como tenho sido desde que me tornei mãe (com o agravante de ficar ainda mais despenteada com a franjinha de cabelo novo de pós parto que não disfarça nem com penteado, nem com um bom corte). Só nunca tinha pensado que ser descabelada é ser feliz, autêntica e gostar da vida como ela é...

Hoje aprendi que é preciso deixar que a vida te despenteie,
por isso decidi aproveitar a vida com mais intensidade.
O mundo é louco, definitivamente louco.
O que é gostoso, engorda. O que é lindo, custa caro.
O sol que ilumina o teu rosto enruga.
E o que é realmente bom dessa vida, despenteia
- Fazer amor, despenteia.
- Rir às gargalhadas, despenteia.
- Viajar, voar, correr, entrar no mar, despenteia.
- Tirar a roupa, despenteia.
- Beijar a pessoa amada, despenteia.
- Brincar, despenteia.
- Cantar até ficar sem ar, despenteia.
- Dançar até duvidar se foi boa idéia colocar aqueles saltos gigantes essa noite, deixa seu cabelo irreconhecível.

Então, como sempre, cada vez que nos vejamos
eu vou estar com o cabelo bagunçado
mas pode ter certeza que estarei passando pelo momento mais feliz da minha vida.

É a lei da vida: sempre vai estar mais despenteada a mulher que decide ir no primeiro carrinho da montanha russa, que aquela que decide não subir.

Pode ser que me sinta tentada a ser uma mulher impecável,
toda arrumada por dentro e por fora.
O aviso de páginas amarelas deste mundo exige boa presença:
Arrume o cabelo, coloque, tire, compre, corra, emagreça,
coma coisas saudáveis, caminhe direito, fique séria

e talvez deveria seguir as instruções, mas
quando vão me dar a ordem de ser feliz?
Por acaso não se dão conta que para ficar bonita
eu tenho que me sentir bonita?
A pessoa mais bonita que posso ser!

O único que realmente importa é que ao me olhar no espelho,
veja a mulher que devo ser.
Por isso, minha recomendação a todas as mulheres:

Entregue-se, coma coisas gostosas, beije, abrace,
dance, apaixone-se, relaxe, viaje, pule,
durma tarde, acorde cedo, corra,
voe, cante, arrume-se para ficar linda, arrume-se para ficar confortável.
Admire a paisagem, aproveite,

e acima de tudo, deixa a vida te despentear!!!!

O pior que pode passar é que, rindo frente ao espelho, você precise se pentear de novo...

8 de julho de 2009

Eca! - acidente doméstico

Toda vez que eu pensava em acidente doméstico pensava em ingestão de produto de limpeza, fio enrolado no pescoço, mergulho em vaso sanitário, puxão em cabo de panela no fogão, dedo no ventilador, brinquedo em buraquinho de tomada... Com três crianças em casa (meus dois, mais minha sobrinha de seis anos que passava férias conosco), não consegui manter o tempo todo as portas proibidas fechadas para impedir que minha pequena rastejante com o bumbum, com 14 meses, invadisse o banheiro e se deliciasse com um papel higiênico sujo de cocô. Que nojo! Eu nunca tinha pensado que comer lixo era um acidente tão perigoso quanto os outros. A sorte é que em casa todo mundo tinha tomado vermífugo um mês antes... Porta de banheiro, agora, recebe o mesmo tratamento de gaveta com faca!

26 de junho de 2009

Bolo de beterraba

Acho que o único legume que meus filhos não gostam é beterraba, nem crua, nem cozida. Para comerem, costumo colocar meia beterraba média no suco de abacaxi porque seu sabor some e o suco ganha uma bonita cor rosada.

Para experimentar uma outra maneira de incluir - e disfarçar - o alimento, testei uma receita de bolo que ia amido de milho, chocolate em pó e pouquíssimo açúcar (achei que porque a beterraba é adocicada ela adoçaria o bolo - pura ilusão!). A aprovação em casa foi zero. Resolvi, então, testar do meu modo, substituindo a cenoura do bolo de cenoura pela beterraba. Ficou muito bom. O que decepciona um pouco é a cor, que de rosa não tem nada. Mas vale experimentar.

Bata no liquidificador:
350 gramas de beterraba lavada, descascada e picada
3 ovos inteiros
2/3 de xícara de óleo de canola

Numa tigela, coloque:
2 xícaras de açúcar demerara (ou o açúcar de sua preferência)
2 xícaras de farinha de trigo (se quiser usar farinha de trigo integral, use 1 e 1/3 de xícara de farinha de trigo comum e 2/3 de xícara de farinha de trigo integral)
1 colher de sopa de fermento em pó

Acrescente os ingredientes batidos aos ingredientes secos da tigela e misture bem. Coloque em fôrma untada com margarina e farinha (ou açúcar refinado) e leve para assar.

21 de junho de 2009

Mãe precisa de um tempo para conhecer o bebê, sem visita por perto

Cada vez que nasce filho de uma amiga revivo o nascimento dos meus filhos. Foram momentos muito diferentes, que tiveram em comum apenas uma alegria intensa e indescritível.

O RoRo foi primeiro neto do lado do meu marido e a primeira gravidez e vivência de maternidade pela parte da minha família. As expectativas, não preciso nem dizer, eram enormes. Entre os amigos também fomos um dos primeiros casais a ter filho. Seu nascimento foi transformado numa festa, com comes e bebes no quarto, muita visita (até por orientação do pediatra de que era melhor receber visitas na maternidade do que em casa, o que concordo plenamente, mas sem excessos), flashes de máquinas fotográficas diversas, colos oferecidos e, o que só percebi dias depois, muito barulho para um serzinho que tinha vivido quase nove meses na calmaria. O RoRo chorava não era de cólica, como todos os palpites levavam a crer (por tudo que li, ela só começa depois de mais ou menos um mês de vida), mas pelo estresse de estar em um ambiente tão agitado.

Eu não consegui dar um basta nessa situação de maneira polida porque tinha um lado meu que queria dividir a alegria de seu nascimento, permitindo visitas, conversas e colos, e outro que não suportava mais aquilo mas não sabia como dizer chega! No terceiro e último dia na maternidade pedi para visitas se retirarem e para a maternidade só autorizar visitas com meu aval. No segundo dia em casa, tirei o telefone da tomada e não atendi a uma ligação de celular. Eu não tinha ajuda – só da minha irmã que largou quase tudo para ficar comigo algumas horas no dia e de uma faxineira que vinha no final da tarde dar uma geral na casa (e a licença paternidade do meu marido tinha vencido e ele voltou a chegar em casa só depois das 11 da noite).

Quando falo de ajuda, falo de gente que topa esfregar roupa suja de cocô e sangue, lavar louça e tirar o lixo do banheiro. Encontrar esta ajuda foi difícil (às vezes pedia socorro à minha prima, que também topava qualquer coisa, mas só podia me ajudar nos finais de semana; ou a melhor amiga da minha irmã, que me deu comida na boca enquanto eu amamentava meu pequeno, atrasada, para sua primeira consulta no pediatra). O que tive foram candidatos a dar colo ao bebê que eu queria cuidar e conhecer.

Enlouqueci no meio disso porque eu não soube dizer “quem quer dar colo ao meu filho sou eu; se não topar me ajudar naquilo que preciso, esquecendo do meu filho, melhor me dar um tempo até as coisas se ajustarem” (detalhe: quando o RoRo nasceu nós só tínhamos em casa geladeira, fogão, máquina de lavar roupa, uma TV emprestada e um sofá cama – estávamos aguardando a chegada da mudança que vinha de outro país onde morávamos quando engravidei). Recebíamos visitas por não saber dizer não. Mas elas não eram bem vindas naquela situação (com exceção de algumas amigas que serviram de ombro amigo, quase um penico, para desabafo da angústia que eu vivia). Encontrei um jeito estranho de dizer “não quero ninguém pegando meu filho, eu quero ficar com ele”, não atendendo a nenhum telefonema ou fingindo dormir na poltrona de amamentação desde o toque do interfone até o bater da porta na hora em que meu marido se despedia das visitas. Eu queria curtir sozinha meu filhote, possessiva como uma cadela que ataca ao ver sua cria ameaçada (a ameaça era tirar de mim, mesmo que por alguns instantes). Eu ataquei, mas como não sou cadela, fiz diferente quando a Lalinha nasceu.

A cesária da Lalinha foi planejada e por isso a segunda-feira foi escolhida com o propósito de ter os cinco dias da licença paternidade durante a semana e de não ser fim de semana, favorecendo visitas (como foi com o RoRo, que nasceu numa sexta-feira após o rompimento da bolsa). Só permitimos visitas depois de eu ter estado sozinha com a minha filha e com o meu filho, que pela primeira vez tinha ficado longe de mim. (Quando o RoRo nasceu, cheguei no quarto e tinha um monte de gente da família me esperando. Minha médica tinha pedido para eu não falar muito para não intensificar a formação gases, mas não falar da emoção vivida só era possível se não tivesse ninguém na minha frente).

A estada na maternidade foi ótima, poucas visitas, tempo para eu descansar um pouco e um bebê tranquilo. Quando sabia que receberíamos visitas eu pedia para que a Lalinha fosse para o berçário, evitando sua exposição ao agito. Foi a melhor coisa que fiz.

Viemos para casa com tudo pronto para recebê-la. A bagagem de ser mãe pela segunda vez ajudou muito, além de que, desta vez, tínhamos uma empregada que dormia no emprego e o meu marido 30 dias de férias emendados ao vencimento da licença paternidade. Tínhamos também, mais um filho, que demandava uma atenção quase redobrada à atenção que pedia antes do nascimento da irmã.

Meu marido e a empregada se encarregaram de todos os telefonemas, e ele, de barrar quem quisesse nos visitar. Mais uma vez precisávamos de um tempo para conhecer a princesinha que chegava em nossa casa, para curtir a nova família e eu me reestabelecer do parto. Não cabia ninguém, em momento algum, além de nós quatro.

Marinheira de segunda viagem, tranquilidade inata da minha gatinha, rotina da casa bem estruturada e marido em casa 30 dias, somaram-se, sem dúvida alguma, ao tempo que nos demos para nos organizar enquanto nova família. Não ter tido visitas querendo pegar minha filha no colo (porque nessas horas ninguém lembra que a mãe pariu tem pouco tempo, sente dor, sono e um turbilhão de emoções) foi fundamental para nossa sanidade mental – digo nossa porque se eu não tivesse, ninguém mais na casa teria, seriam vítimas da insanidade.

Hoje, sempre que posso conto minhas duas experiências para quem vai ter bebê ou está muito perto de alguém que terá. Ajudar uma recém-parida é ajudar nas coisas que ela, a mãe, precisa, sem se preocupar com o bebê (sei que o bebê é muito mais agradável e fofo do que a parturiente, mas... se vale minha experiência, quem mais meu filho se apegou foi a tia que levou semanas para pegá-lo no colo pela primeira vez, mas que fazia tudo o que ele precisava ao entorno, especialmente ter uma mãe bem cuidada para que ela pudesse cuidar dele). Seja avós, avôs, tios, primos, amigos íntimos, jamais implore para ver o bebê ou tê-lo no colo. Ele não precisa de ninguém, além da mãe (e do pediatra). A verdade é dura, mas avós, avôs, tios, primos, amigos íntimos, só devem visitar se forem solicitados (e de preferência um de cada vez para não fazer fila querendo pegar o bebê), ou se disponibilizarem para esfregar roupa suja de cocô e sangue, lavar louça, tirar o lixo do banheiro e fazer um gostoso suco para a mãe sedenta de um líquido após a amamentação. Se a mãe esquecer de dizer obrigada, com certeza, a criança, no seu conforto, agradecerá.

11 de junho de 2009

Regras de etiqueta no elevador

Antes de entrar no elevador, verifique se o mesmo encontra-se parado no andar, mas não esqueça de também verificar se tem bebê ou criança dentro dele ou a sua espera. Se houver:

1) Respeite a criança que dorme em carrinho ou colo na fila do elevador ou dentro dele, falando baixo, ou não falando. Imagine se você estivesse dormindo e alguém, que talvez você nunca tivesse visto antes, começasse a falar bem perto de você... Criança é fofa, às vezes irresistível, mas geralmente é sensível a barulhos.

2) Se a criança fala com você, fale com ela. Se não entende o que ela fala, diga “Ah é...” ou “Que legal.”. Ignorá-la é tão deselegante como não responder a um adulto que divide uma cabine de elevador com você.

3) Diga “Bom dia!”, “Boa tarde!”, “Como vai?”. Criança aprende com o adulto. Se você não faz isso, não reclame mais tarde que o mundo está perdido por ter tanta gente sem educação (e está mesmo porque você é um deles!).

4) Tem mais de uma criança no elevador? Mesmo que tenha simpatizado mais com uma, dê atenção igual a todos, mesmo que a atenção seja apenas um sorriso e um oi. Já ouviu falar em ciúme? Não é feio sentir ciúme, mas esquecer que ele existe…

5) Se a criança falar alguma coisa que deixe alguém constrangido, só dê um sorrizinho e não fale nada. Às vezes o silêncio é a melhor palavra (se não para você, para a criança ou para quem está com ela).

6) Não ofereça comida (em geral guloseimas) para a criança se você não conhece a rotina dela. Comida fora de hora atrapalha as refeições. Você segue o seu caminho e deixa a bucha com quem cuida da criança.

7) Não se sinta ofendido se oferecer ajuda e o acompanhante da criança, ou ela própria, negar. Tem criança, especialmente entre 2 e 3 anos, que se não seguir alguns rituais diários, fica maluca da vida. Ela sabe e ela quer fazer, não admite que outra pessoa faça (por exemplo, apertar o botão do elevador ou abrir a porta). Ser gentil, nessas horas, é permitir que a criança faça (ou tente fazer).

8) Se uma criança der um show na sua frente fique quieto e não julgue nem a criança, nem quem está com ela. O escândalo é uma fração da vida delas e não a vida delas (e você não tem nada a ver com isso – melhor que cada um cuide do que é seu).

4 de junho de 2009

Criança percebe que a mãe está grávida

Tem quem diga que criança “não entende nada”. Não sou desta opinião. Criança entende e percebe as coisas mais do que a gente pensa e, às vezes, entende e percebe as coisas mais do que gente grande. Fico surpresa quando alguém me conta que está grávida do segundo filho e que o primeiro “não entende o que está acontecendo porque ainda é muito pequeno”. Será?

Concordo que entender uma gravidez, no sentido biológico, é um tanto complexo para uma criança de um ano e três meses, mas negar sua percepção em relação à ela é medíocre. A criança tem a capacidade de perceber o que acontece ao seu redor como poucos. Suas barreiras frente ao mundo ainda estão sendo construídas e o que rola ao seu redor é percebido com intensidade. Quem nega essa percepção, e subestima a capacidade da criança de perceber o mundo, é o adulto.

Na gravidez da Lalinha, com cinco dias de atraso da minha menstruação (ela já vinha atrasando e achei que tudo ia bem) o RoRo não conseguia dormir. Era uma inquietação de sono diferente das outras que já tivera. Eu estava cansada e, para não levá-lo para minha cama, decidi abrir o sofá cama que ficava no escritório para ver se ele adormecia ao meu lado. Ele dormiu, abraçado em mim, com a cabeça sobre a minha barriga. A cada tentativa de tirar sua cabeça da minha barriga, ele voltava para ela. Foram dois dias dormindo assim, até que confirmei a gravidez. No mesmo dia em que soubemos do resultado, contamos ao RoRo que na barriga da mamãe tinha uma bebê que estava vindo para se mais uma pessoa para amá-lo muito. Como um passe de mágica ele voltou a dormir tranquilo em seu berço.

Acredito que a mágica foi ter verbalizado o que seu precário vocabulário não conseguiu dizer, mas que sua sensibilidade aguçada disse num gesto mais bonito do que muitas palavras. Deitado na minha barriga ele não brigava por espaço, querendo a mãe só para ele. Ele fazia carinho naquele serzinho em formação, pois sabia que o bebê estava vindo ao mundo para fazer nossa casa ainda mais feliz. E assim tem sido.

31 de maio de 2009

Desculpa, fiz pum

A gente ensina o RoRo que quando faz pum e arrota precisa pedir desculpa. Mas a Lalinha, que ainda não sabe falar, está perdoada em não se desculpar pelo arzinho que sai depois de cada mamada. Por isso, algumas vezes o polido irmão pede desculpas em seu lugar. Até aí, estamos em casa, normalmente só nós três. Mas um belo dia, andando na rua com uma pessoa amiga, o RoRo fala "distupa". Achei o pedido de desculpa muito solto e resolvi indagar sua origem. Na maior naturalidade ele responde: "Fulana fez pum". E não é que a Fulana disse que ele tinha razão. Eu é que não queria estar na pele dela...

27 de maio de 2009

Gases

Minha sobrinha de 6 anos pergunta ao RoRo no dia em que ele completou 3 anos:
- RoRo, você soltou gases?
- Não. Indignada com a resposta ela continua:
- Você sabe o que são gases?
- Gases é o que sai do fogão.

4 de maio de 2009

Obrigada Deus!

Neste fim de semana chorei e rezei. Chorei pela cena que vi, num shopping, de um menino com uns oito anos, sentado numa cadeira de rodas, empurrada por uma mulher vestida de branco, respirando com ajuda de oxigênio. Eu, com meus dois filhos saudáveis, um correndo pelos largos corredores e a outra querendo ir para o chão explorar o mundo. Sou grata a Deus por ter me dado as dádivas que me deu. Tenho de agradecer a isso todos os dias.

27 de abril de 2009

Não é com O, é com U

- Mãe, como chama onde faz cocô? (O RoRo já sabe que tem um buraquinho no bumbum por onde sai o cocô)
- Ânus.
- Igual ao anos que vou fazer, teis!
- É ânus e não anos.
E ele junta três dedos para mostrar quantos anos vai fazer...

7 de abril de 2009

Onde mora?

Até algumas semanas atrás as "coisas", quando muito, ocupavam algum lugar. Mas de lá para cá elas passaram a morar em algum lugar. E haja lugar!

- Mãe, onde mora o balde?
- No armário da lavanderia.
- Ah.

- Onde mora o bife? (que está no prato esperando ser comido)
- Ele vai morar dentro da sua barriga!
- Ah.

- Onde mora o jacaré?
- Na lagoa. (Ja-ca-ré, passeando na lagoa / Ja-ca-ré, passeando na lagoa / Olhou para mim / Abriu o bocão / Nhoqueti! - mordeu)
- Ah.

- Mãe, onde mora isso?
- Isso o quê, RoRo?
- Isso (uma sujeira no chão)
- Até varrer o chão a sujeirinha mora aqui, no chão.
- Ah.

As perguntas, que no início me pareciam tão cabeludas, são tão simples; só querem uma resposta. Acho que é ensaio para perguntar de onde eu vim...

3 de abril de 2009

Comida da minha avó - galantine

Não me lembro de ter comido quando criança, mas quando o RoRo começou a comer papinha, minha mãe me ensinou a fazer a Gelatina de Frango (Galantine) que minha avó fazia quando minha mãe era pequena. O sabor é bom, forte, igual ao da gelatina que se forma no frango ensopado guardado na geladeira. É super rico em proteína e uma opção bem fresca para dias quentes. Essa é a minha versão da receita.

Em uma panela grande frite num fio de óleo ou azeite 4 dentes de alho cortados em lascas finas. Quando o alho começar a dourar acrescente rodelas de 1 cebola média. Deixe a cebola amolecer e coloque 1/2 xícara de alho-poró cortado em rodelas grossas e 1 maço de salsãozinho (próprio para caldos - se não encontrar, coloque 3 talos de salsão sem as folhas). Despeje 1/2 litro de água, 8 pés de galinha limpos, 1 folha de louro e 1 cravo da índia. Se quiser, acrescentar 1 maço de manjericão. Deixe ferver por uns 40 minutos até o caldo reduzir pela metade.

Depois de reduzido o caldo, coe-o numa peneira e reserve para que a gordura do frango se separe do caldo. Tire toda gordura com uma colher e coloque a galantine em potinhos ou em uma vasilha única para ser cortada. Conservar na geladeira.

Se quiser um caldo mais avermelhado, acrescentar no início do cozimento 2 tomates maduros sem pele e sem semente cortados em cubinhos ou suco de 1 beterraba no final do cozimento. Para o caldo ficar alaranjado, coloque no final do cozimento suco de 1 cenoura. O suco de 1 pepino dá um sabor gostoso, mas não altera a cor.

A galantine pode ser congelada. Antes de consumi-la, descongelar, ferver e gelar em geladeira para que fique com consistência de gelatina. Outra opção é usar a gelatina no preparo de papinhas, em substituição ao caldo de galinha. Para porções pequenas do caldo, congelar em forma de gelo.

24 de março de 2009

CoNosco

No caminho para a escola digo pro RoRo:
- Hoje a tia Bia vai almoçar em casa.
- Ela vai no carro dela?
- Não, eu vou buscá-la porque enquanto você estiver na escola nós vamos fazer algumas coisas na rua.
- Ah... Ela vai na casa dela?
- Ela vai na nossa casa, vai almoçar conosco.
Mais do que depressa:
- Quem é o Nosco, mamãe?
- Conosco é o mesmo que com a gente.
Silêncio.
- Quem é o Nosco?
- Ela vai almoçar em casa com você, a Lalinha e a mamãe.
- Ah...
Difícil esse Nosco...

23 de março de 2009

A Fada Penélope levou a chupeta e o paninho do meu filho

Num sábado à noite, enrolando um bocado para dormir, o RoRo fala: "hoje vou dormir sem pepê e sem fafá". Por um instante pensei que fosse um sonho. Mais do que depressa perguntei se ele queria dar a pepê (chupeta) para a Fada Penélope. Tinha assistido a esta tática no Super Nanny. Decidido, ele disse que sim. Meu marido ainda perguntou se não era melhor deixar para o dia seguinte (passava das 9 da noite, hora em que criança deveria estar na cama). Fui firme: "Não, tem que ser agora". Aquela brecha não podia ser perdida em hipótese alguma.

Eu já não aguentava mais ouvir as palavras pepê e fafá (que soavam como nome de dupla sertaneja) em voz de choro e imploração diante de qualquer frustração – que ocorre a cada cinco minutos na vida de uma criança com dois anos e oito meses! Perguntei: "RoRo, você quer dar sua pepê para a Fada Penélope para que ela possa dá-la a um bebê que vai nascer? Com você foi assim. Quando você nasceu, a Fada trouxe uma pepê que tinha sido de um menino que tinha crescido e não precisava mais dela. Com a Lalinha também; ela trouxe de uma menina que não queria mais a chupeta. Se você quiser entregar sua pepê para a Fada, em troca ela te dá uma bicicleta".

Ele topou na hora. Embora eu achasse que a bicicleta era um presente grande demais pelo seu tamanho (ele ainda nem pedalava o velotrol) e valor (acredito que trocas como esta não devam estar relacionadas a presentes muito caros), já tínhamos sugerido que ele trocasse a chupeta por uma bicicleta – apenas imaginávamos fazer a troca no Natal deste ano, com três anos e sete meses, mais maduro, com a irmã maior e sem o intermédio da Fada, personagem, aliás, que ele conheceu naquela noite.

Como não podíamos correr o risco do RoRo ter registrado na memória a idéia de que o fim da chupeta estava relacionado com o ganho de uma bicicleta, a bicicleta se manteve como moeda de troca. Era mais prudente dar o presente grande ao menino que queria ficar grande.

Ainda que eu tenha sido determinada no início dessa história pontuando que a hora de abandonar a chupeta tinha chegado, eu temia sua precocidade. Fazia apenas 20 dias que tínhamos começado a tirar a fralda diurna (2 anos e 7 meses). Tirar mais um conforto, dele e nosso, me parecia muita coisa. Para me assegurar de que o tempo era certo, liguei para a minha irmã, com quem eu comentara sobre o programa da TV, e, usando o viva voz do telefone, fui indicando a conversa que ela, agora Fada, deveria ter com o RoRo. Eu queria me certificar de que sua decisão não tinha volta e que ele concordasse em não usar a chupeta da irmã. Ele não vacilou pois já tinha topado a troca desde o início. Ele estava encantado, talvez pela magia da Fada, personagem nova e, mais do que nunca, concreta.

Quando desligamos o telefone, meu marido e ele fizeram um envelope para a Fada, todo colorido e desenhado. Na hora de colocar a chupeta, para minha surpresa, o RoRo também colocou a fafá (paninho). Fechou o envelope e levou com o pai na caixa de correio do condomínio.

Eu tremia nas bases pensando na noite que teríamos – era impossível pensar no RoRo dormindo sem a pepê e a fafá, objetos inseparáveis, principalmente depois que engravidei da Lalinha. Mas ele estava tão pronto para deixar a dupla, que na hora de dormir, pela primeira vez na vida, disse: "Você não, mamãe", fechando a porta do quarto, me colocando para fora, com fala e gesto de que: "Cresci, não preciso de você para eu ter uma boa noite de sono". Não precisava nem de mim, nem da chupeta, nem da fafá, pelo menos naquela noite. Para minha surpresa, alívio e tranquilidade ele dormiu a noite toda.

No dia seguinte passamos a tarde na minha irmã, onde a Fada deixou, na porta da cozinha, com bilhete e tudo, a prometida bicicleta. Ele ficou feliz e todos os marmanjos emocionados. Era um marco do seu crescimento.

Por alguns dias a bicicleta azul e amarela foi assunto a cada novo encontro. O RoRo não permitia que eu contasse para ninguém sua história. Queria ser seu próprio narrador, ter o gosto de contar e recontar sua conquista. Com jeitinho eu ia traduzindo sua fala apressada e atropelada para que todos entendessem e vibrassem com sua vitória.

Nestes dias ele perguntava com frequência onde estava a Fada, onde ela morava. Chegou a pedir para eu ligar para ela. Sempre fui objetiva e dei respostas simples: "ela está trabalhando", "ela mora na casa dela". Ele sempre se satisfez com as respostas.

Poder saciar sua curiosidade sobre a fada e poder contar sua história ajudou o RoRo a se apropriar da nova condição de menino grande que não usava mais chupeta e paninho para dormir e se apoiar nos momentos de frustração e cansaço. Cada vez que pedia a chupeta e o paninho nós o lembrávamos de que ele os havia dado para a Fada Penélope porque já era grande e que em troca tinha ganhado a bicicleta. Às vezes ele aceitava, outras vezes chorava um pouco, mas logo passava.

Do abandono da dupla até hoje (3 meses) o RoRo veio gradativamente solicitando-a menos. Atualmente, quando pede por sua pepê e fafá é porque está cansado (mais do que frustrado). Em geral oferecemos colo, um afago ou uma mudança de cena. Ele deu umas roubadinhas na chupeta e no paninho da irmã, mais para testar nossa reação do que para matar a saudade deles. Ele sabe que cresceu e enfatiza isso o tempo todo. Cresceu tanto, que além de dormir sem pepê e fafá, aprendeu a pedalar o velotrol. Agora arrisca-se a sentar no pneu da bicicleta (porque o banco ainda é um pouquinho alto...) curtindo seu presente que já não é tão grande quanto pareceu um dia. E eu sou uma mãe feliz, orgulhosa, não só por ver meu filho crescendo com tranquilidade e saúde, mas também por não vê-lo mais arrastando aquele pano que eu sempre abominei!