19 de setembro de 2012

Mudança de endereço

Escrever, pensar nos filhos... não deixei esta paixão de lado, apenas mudei de endereço. O 2x mãe ficou pequeno. Falar somente da minha experiência materna não estava mais sendo suficiente para mim. Partindo dela, mas também da experiência como psicóloga, estou agora no blog Ninguém cresce sozinho escrevendo sobre educar filhos nos dias de hoje e o processo de construção da parentalidade. Te encontro por lá!

1 de junho de 2012

Emoções de mãe

Uma das mudanças mais marcantes que me aconteceu com a maternidade é que passei a chorar menos. Ainda não sei ao certo qual o motivo, mas sei que o sentido da vida mudou e chorar passou a ser sinônimo de intensa emoção, alegre ou triste.

Mãe emotiva, bobona para alguns, vim chorando sozinha do judô do RoRo para casa. Ele queria fazer as aulas, mas o começo foi tão difícil, se perdia nos golpes (que diga-se de passagem, exigem uma coordenação e tanto), relutava em entrar no tatame, mas foi, cresceu, aprendeu e chegou a hora da primeira prova de mudança de faixa. Não dá para não marejar os olhos. Enfrentar o que era difícil, juntos, ele, o professor e eu, já foi uma vitória. A prova já aconteceu. Trocou a faixa do medo do desconhecido pela faixa do desafio de desbravar o novo. Não tem, para uma mãe, emoção mais intensa do que ver seu moleque crescer de forma tão bonita.



21 de maio de 2012

Onde está a dúvida?

Outro dia a Lalinha me perguntou por que todo mundo dizia que o cabelo dela era lindo... A foto responde.

11 de abril de 2012

Ser mãe de mais de + de 1

Normalmente o filho único queixa-se por não ter um irmão. Tenho dois e sempre achei bom poder dividir. Mas dividir mesmo eu aprendi quando tive minha filha, a segunda. Eu ouvia que o "problema" do segundo filho era o primeiro (suas demandas), mas nunca me contaram que é o segundo filho que nos ensina intensamente a matemática louca da vida: somar, dividir, subtrair e multiplicar. Com o primeiro a gente vai vivendo e aprendendo com muito mais tempo e dedicação; afinal, é apenas um.

Lembro-me com muita clareza da cena em que tive o insight do que era a matemática materna: eu amamentava a Lalinha e o RoRo me pedia colo para tomar sua mamadeira (eles têm um ano e onze meses de diferença). A cena já tinha ocorrido algumas vezes, mas esta em que tomei consciência do sentimento de ter que me dividir foi única e fundamental para eu ter a certeza de que é maravilhoso ter mais do que um filho, não sob o ponto de vista da criança, mas sob o ponto de vista da mãe, que ganha uma elasticidade muito grande para ser e estar na relação com os filhos (e todas as outras pessoas). Acho que um único filho ensina isto, mas não com a mesma intensidade que dois, e imagino, três, quatro... Parei nos dois e tenho belas lições todos os dias. Uma delícia!

3 de abril de 2012

Quem cochicha o rabo espicha

O RoRo divide bastante seu dia a dia conosco. No jantar de ontem contou que as meninas da sua classe cochicham. Perguntei se ele sabia o que era cochichar e ele explicou o que era gesticulando, colocando a boca perto do ouvido do pai, escondida por sua mão. Muito bem. Sabia o que falava. Dissemos que quando as amigas cochicharem ele pode dizer: “quem cochicha o rabo espicha”, mas que ele não poderá achar ruim se elas responderem: “quem reclama o rabo inflama”. Ele achou divertido.

Hoje, voltando da escola (que pena que muitos pais perdem este fantástico momento seguido de tantas experiências ricas), ele diz que as amigas não cochicharam. Repetimos a parlenda e perguntei-lhe se ele sabia o que era espichar. A resposta foi negativa. Expliquei que espichar era crescer, crescer bem rápido.

Lalinha, mais do que depressa, disse: “a tia do Vitor cochicha!”. Aos desavisados, a tia do Vitor é, no imaginário da Lalinha, a mulher mais alta do mundo! Ela espichou demais. Será que cresceu muito por que cochichou na escola, como as amigas do RoRo?!

20 de março de 2012

Aprendendo a escrever

É uma delícia acompanhar uma criança em suas hipóteses sobre a linguagem escrita. Esta, da Lalinha, achei fantástica: "morango começa com vaca, olha só, muuuu!". Tentativa e erro não deixa de ser uma forma das crianças aprenderem e a gente se divertir!

MO = MU

15 de janeiro de 2012

Álbum de figurinha

Já tínhamos comprado alguns álbuns de figurinha para as crianças, mas nunca levamos isto a sério. Eles gostavam de colar as figurinhas onde fosse atraente e não no espaço reservado nos álbuns. Os álbuns ficavam encostados e as figurinhas enchiam gavetas ou enfeitavam seus desenhos. Figurinha tinha conotação de cartela de adesivo.

No semestre passado, depois de um passeio com os avós, o RoRo chegou em casa com o álbum de figurinhas do Carros 2 e alguns pacotinhos de figurinhas. Ele curtiu abri-los, espalhar pelo chão e procurar pelos números, página a página. Depois, contou quantas figurinhas tinha em cada página, quantas tinham em todo o álbum e quantas eram as repetidas. O álbum, pela primeira vez, fez sentido em ser colecionado; deixava de ser mero apelo de consumo para ter uma finalidade educativa. Reconhecer números iguais, ler os números que ultrapassavam a centena, contar quantas figurinhas tinha e quantas faltavam para completar o álbum exercitava sua matemática. Havia também o exercício motor de descolar e colar o adesivo dentro de um campo delimitado e a tentativa de aprimorar a habilidade social da troca.

Os álbuns foram parar na escola e em encontros onde os pais ajudavam os filhos a entender o conceito da troca de figurinha. Com 4-6 anos, a criança não troca figurinha, no sentido literal de dar uma e receber outra. Eles dão aos amigos as repetidas ainda num espírito mais cooperativista do que competitivo. Enquanto pais tentam ajudar seus filhos com uma lista das figurinhas faltantes e repetidas, as crianças sabem, visualmente, quais têm ou não. Sabem, inclusive, o que tem ou não nos álbuns dos amigos. Isto é mais rico do que a troca de figurinha que queríamos ensinar. A troca, nesta idade é doação, é compartilhamento, é interesse pelo outro!

Como mãe que jogou bafo, sinto saudades da época em que as figurinhas eram coladas, mais leves do que as adesivadas de hoje, e permitiam através do jogo mais uma gostosa brincadeira. Mesmo sem poder "bafar", dá para aprender e brincar muito com álbum de figurinha!

11 de janeiro de 2012

Um dia chuvoso no Instituto Butantan

Férias na própria cidade merece uma dose de criatividade para não ter cara de fim de semana comum. Ontem, foi dia do RoRo e da Lalinha dormirem na casa da tia com as primas. Hoje, claro, não queriam se separar. Chovia, mais fino, mais grosso, aquela chuva intermitente, que molha se não estivermos protegidos. Se a tarde e a noite de ontem foram da minha irmã, nada mais justo do que hoje ser meu dia de entreter a galerinha.

Viemos para casa. Eu não estava afim de manter confinadas quatro crianças em um apartamento. Já tinham assistido à TV e explorado quase todos os brinquedos de casa até a hora do almoço. Com chuva, difícil saber quem enlouqueceria antes, eles ou eu (acho que eu!). Por isto, eu procurava um passeio que tivesse cara de lazer, que fosse barato, divertido e novo, que ocupasse a toda a tarde e que fosse perto de casa. Quando estou com as quatro crianças, 3 de 3 e 1 de 5 no meu Paliozinho, meu raio de circulação tem que ser curto (eu infrinjo a lei com duas crianças no meio de duas cadeirinhas, uma no colo da outra). Embora tenha um shopping bem pertinho de casa, abomino a cômoda opção garagem-garagem que os shoppings oferecem. Primeiro por associar lazer a consumo. Segundo, porque criança nesta idade pode bem se molhar em chuva de verão. Não tive dúvida, a opção que atendia a todos os meus requisitos: Instituto Butantan.

Lá fomos nós, a mãe-tia maluca – avessa à shopping, dona de um carro popular onde é fisicamente impossível ser correta transportando 4 crianças em 4 cadeirinhas, e que adorava tomar chuva na infância –, as 3 princesas-bailarinas (trajando saias cor de rosa de fantasias indefinidas, rostos pintados e chinelos de dedo) e nosso guia turístico (já visitara o Instituto no ano anterior) e mediador (às vezes provocador) de encrencas. Um cutucão daqui e outro dali, logo nos deparamos com um lugar lindo. Depois de pelo menos 30 anos da minha única visita aoButantan, não tinha a menor lembrança ou ideia de que encontraríamos ali uma paisagem de férias, daquelas que nos faz esquecer a cidade concretada de todo dia.

Que delícia! Carro estacionado, chuva grossinha. Muitas poças pelo chão e enxurradinhas rua abaixo. Todos felizes por desfilarem com seus queridos e pouco usados guarda-chuvas. Ninguém via ninguém. Algumas trombadas. Pés molhados. Sorrisos nos rostos. Primeira parada: Museu Biológico. Fascínio de uns, temor de outros. Cobra, cobrinha, cobrona! Espaço bonito, bem conservado. Muito bicho esquisito... Segunda parada: banheiro. Se alguém já foi com 3 de 3 e 1 de 5 num banheiro público com 5 guarda-chuvas ensopados pode imaginar que a coisa vai além de um simples xixi. Antes de autorizar os xixis, conferência da limpeza dos banheiros (nota 10). Portas abertas, descarga em série (isso mesmo, fui de cabine em cabine apertando a descarga, alta para crianças). Mãos do RoRo lavadas, mãos da Dodoca lavadas, tudo encaminhado com as outras princesas-bailarinhas. Minha vez de fazer xixi e a voz da moça da limpeza do banheiro em meio às vozes que me falavam que havia confusão, mas não eram claras para eu entender qual a confusão: “Não briguem meninas... Não precisa bater...”. Ai!!!! Bermuda arreada no meio do banheiro. Lalinha e Kicoca se pegaram por causa da pia baixinha, que não foi suficiente para duas lindas espaçosas. Camiseta da Kicoca ensopada e em choro daqueles: “Quero trocar a camiseta!!!!” . Eu não trouxe outra, respondi (sim, me dei o direito de ir apenas com uma bolsinha). “Queeeeero ir emboooooora!!!!!”. E uma ideia iluminada. Coloquei um pedaço de papel toalha entre a camiseta molhada e seu corpo. Ganhei um sorriso mais iluminado do que minha ideia. Ótimo. Era vez da terceira parada: macacário. Teve nariz torcido por causa do cheiro da ração e começo de cansaço pelo uso do guarda-chuva (não que a distância de um lugar para outro fosse longa, mas nunca os quatro tinham andado tanto de guarda-chuva!). Lalinha e Kikoca resolveram me entregar seus guarda-chuvas. A chuva era mais leve do que o esforço de manter o braço na mesma posição por, a essa altura, quase 20 minutos.

Subidinha para a última atração. Choro de quero ir embora. Mas o passeio não podia acabar. Ainda estávamos no meio da tarde... Pausa nas visitações com a quarta parada: um diamante negro para cada um na lanchonete (bem ruinzinha) – o lanche para valer nos esperava em casa. Energia reposta, chuva grossa e lá fomos para o Museu de Microbiologia. Que surpresa! Depois de eu tremer de medo de alguém derrubar um microscópio, sossegamos num espaço para crianças, super lúdico e interativo. Foi difícil ir embora. As crianças amaram os jogos da maçã e do iogurte (vale a vista para saberem o que estou falando). Fechamos com uma visita rápida à Praça dos Cientistas, afinal, é hora de voltar para casa quando uma criança tenta tirar os óculos do busto de um dos cientistas!

Indo para o carro encontramos uma excursão de jovens japoneses. Espanto, admiração e vergonha, por só ter voltado ali mais de 30 anos depois. Nunca é tarde. A visita vale muito à pena! Prova disto não são os japoneses, mas a cantoria alegre das crianças e um grito com 8 mãos sobrepostas: “Irmãs irmãs, primos primos, para SEMPRE!”. Delicioso.

10 de janeiro de 2012

No cardápio: matemática da vida

Batata frita, filé de frango, alcachofra, pepino, cenoura, vagem, suco de maracujá e muita conversa de criança no jantar de hoje.

Kika, minha sobrinha que conta feliz que seu aniversário de 4 anos está chegando, conta também que sua mãe tem 21 anos. Imediatamente pensei: "Então tenho 19 as vésperas dos 40. Maravilha!".

Na função de mãe e tia, que deixa viajar mas também traz para a realidade, não pude deixar de corrigir que a mãe vai fazer 2 x 21 = 42. “Ah é”, disse ela, e não parou aí: “Minha mãe está cheia de cabelo branco, aqui ó (mostrando o cocuruto). Ela pinta, por isso que não dá para ver... Ela está ficando velhinha, bem velhinha... E eu estou crescendo.”

O jantar não virou aula de matemática, mas depois de quadruplicar a idade da mãe, sim, porque velhinha tem 84 (me perdoem as de 84, mas ainda não me imagino nesta idade e velhinha tem sempre a idade que a gente não se imagina), não pude deixar de dizer, coma tudo para você crescer bem forte!