26 de junho de 2009

Bolo de beterraba

Acho que o único legume que meus filhos não gostam é beterraba, nem crua, nem cozida. Para comerem, costumo colocar meia beterraba média no suco de abacaxi porque seu sabor some e o suco ganha uma bonita cor rosada.

Para experimentar uma outra maneira de incluir - e disfarçar - o alimento, testei uma receita de bolo que ia amido de milho, chocolate em pó e pouquíssimo açúcar (achei que porque a beterraba é adocicada ela adoçaria o bolo - pura ilusão!). A aprovação em casa foi zero. Resolvi, então, testar do meu modo, substituindo a cenoura do bolo de cenoura pela beterraba. Ficou muito bom. O que decepciona um pouco é a cor, que de rosa não tem nada. Mas vale experimentar.

Bata no liquidificador:
350 gramas de beterraba lavada, descascada e picada
3 ovos inteiros
2/3 de xícara de óleo de canola

Numa tigela, coloque:
2 xícaras de açúcar demerara (ou o açúcar de sua preferência)
2 xícaras de farinha de trigo (se quiser usar farinha de trigo integral, use 1 e 1/3 de xícara de farinha de trigo comum e 2/3 de xícara de farinha de trigo integral)
1 colher de sopa de fermento em pó

Acrescente os ingredientes batidos aos ingredientes secos da tigela e misture bem. Coloque em fôrma untada com margarina e farinha (ou açúcar refinado) e leve para assar.

21 de junho de 2009

Mãe precisa de um tempo para conhecer o bebê, sem visita por perto

Cada vez que nasce filho de uma amiga revivo o nascimento dos meus filhos. Foram momentos muito diferentes, que tiveram em comum apenas uma alegria intensa e indescritível.

O RoRo foi primeiro neto do lado do meu marido e a primeira gravidez e vivência de maternidade pela parte da minha família. As expectativas, não preciso nem dizer, eram enormes. Entre os amigos também fomos um dos primeiros casais a ter filho. Seu nascimento foi transformado numa festa, com comes e bebes no quarto, muita visita (até por orientação do pediatra de que era melhor receber visitas na maternidade do que em casa, o que concordo plenamente, mas sem excessos), flashes de máquinas fotográficas diversas, colos oferecidos e, o que só percebi dias depois, muito barulho para um serzinho que tinha vivido quase nove meses na calmaria. O RoRo chorava não era de cólica, como todos os palpites levavam a crer (por tudo que li, ela só começa depois de mais ou menos um mês de vida), mas pelo estresse de estar em um ambiente tão agitado.

Eu não consegui dar um basta nessa situação de maneira polida porque tinha um lado meu que queria dividir a alegria de seu nascimento, permitindo visitas, conversas e colos, e outro que não suportava mais aquilo mas não sabia como dizer chega! No terceiro e último dia na maternidade pedi para visitas se retirarem e para a maternidade só autorizar visitas com meu aval. No segundo dia em casa, tirei o telefone da tomada e não atendi a uma ligação de celular. Eu não tinha ajuda – só da minha irmã que largou quase tudo para ficar comigo algumas horas no dia e de uma faxineira que vinha no final da tarde dar uma geral na casa (e a licença paternidade do meu marido tinha vencido e ele voltou a chegar em casa só depois das 11 da noite).

Quando falo de ajuda, falo de gente que topa esfregar roupa suja de cocô e sangue, lavar louça e tirar o lixo do banheiro. Encontrar esta ajuda foi difícil (às vezes pedia socorro à minha prima, que também topava qualquer coisa, mas só podia me ajudar nos finais de semana; ou a melhor amiga da minha irmã, que me deu comida na boca enquanto eu amamentava meu pequeno, atrasada, para sua primeira consulta no pediatra). O que tive foram candidatos a dar colo ao bebê que eu queria cuidar e conhecer.

Enlouqueci no meio disso porque eu não soube dizer “quem quer dar colo ao meu filho sou eu; se não topar me ajudar naquilo que preciso, esquecendo do meu filho, melhor me dar um tempo até as coisas se ajustarem” (detalhe: quando o RoRo nasceu nós só tínhamos em casa geladeira, fogão, máquina de lavar roupa, uma TV emprestada e um sofá cama – estávamos aguardando a chegada da mudança que vinha de outro país onde morávamos quando engravidei). Recebíamos visitas por não saber dizer não. Mas elas não eram bem vindas naquela situação (com exceção de algumas amigas que serviram de ombro amigo, quase um penico, para desabafo da angústia que eu vivia). Encontrei um jeito estranho de dizer “não quero ninguém pegando meu filho, eu quero ficar com ele”, não atendendo a nenhum telefonema ou fingindo dormir na poltrona de amamentação desde o toque do interfone até o bater da porta na hora em que meu marido se despedia das visitas. Eu queria curtir sozinha meu filhote, possessiva como uma cadela que ataca ao ver sua cria ameaçada (a ameaça era tirar de mim, mesmo que por alguns instantes). Eu ataquei, mas como não sou cadela, fiz diferente quando a Lalinha nasceu.

A cesária da Lalinha foi planejada e por isso a segunda-feira foi escolhida com o propósito de ter os cinco dias da licença paternidade durante a semana e de não ser fim de semana, favorecendo visitas (como foi com o RoRo, que nasceu numa sexta-feira após o rompimento da bolsa). Só permitimos visitas depois de eu ter estado sozinha com a minha filha e com o meu filho, que pela primeira vez tinha ficado longe de mim. (Quando o RoRo nasceu, cheguei no quarto e tinha um monte de gente da família me esperando. Minha médica tinha pedido para eu não falar muito para não intensificar a formação gases, mas não falar da emoção vivida só era possível se não tivesse ninguém na minha frente).

A estada na maternidade foi ótima, poucas visitas, tempo para eu descansar um pouco e um bebê tranquilo. Quando sabia que receberíamos visitas eu pedia para que a Lalinha fosse para o berçário, evitando sua exposição ao agito. Foi a melhor coisa que fiz.

Viemos para casa com tudo pronto para recebê-la. A bagagem de ser mãe pela segunda vez ajudou muito, além de que, desta vez, tínhamos uma empregada que dormia no emprego e o meu marido 30 dias de férias emendados ao vencimento da licença paternidade. Tínhamos também, mais um filho, que demandava uma atenção quase redobrada à atenção que pedia antes do nascimento da irmã.

Meu marido e a empregada se encarregaram de todos os telefonemas, e ele, de barrar quem quisesse nos visitar. Mais uma vez precisávamos de um tempo para conhecer a princesinha que chegava em nossa casa, para curtir a nova família e eu me reestabelecer do parto. Não cabia ninguém, em momento algum, além de nós quatro.

Marinheira de segunda viagem, tranquilidade inata da minha gatinha, rotina da casa bem estruturada e marido em casa 30 dias, somaram-se, sem dúvida alguma, ao tempo que nos demos para nos organizar enquanto nova família. Não ter tido visitas querendo pegar minha filha no colo (porque nessas horas ninguém lembra que a mãe pariu tem pouco tempo, sente dor, sono e um turbilhão de emoções) foi fundamental para nossa sanidade mental – digo nossa porque se eu não tivesse, ninguém mais na casa teria, seriam vítimas da insanidade.

Hoje, sempre que posso conto minhas duas experiências para quem vai ter bebê ou está muito perto de alguém que terá. Ajudar uma recém-parida é ajudar nas coisas que ela, a mãe, precisa, sem se preocupar com o bebê (sei que o bebê é muito mais agradável e fofo do que a parturiente, mas... se vale minha experiência, quem mais meu filho se apegou foi a tia que levou semanas para pegá-lo no colo pela primeira vez, mas que fazia tudo o que ele precisava ao entorno, especialmente ter uma mãe bem cuidada para que ela pudesse cuidar dele). Seja avós, avôs, tios, primos, amigos íntimos, jamais implore para ver o bebê ou tê-lo no colo. Ele não precisa de ninguém, além da mãe (e do pediatra). A verdade é dura, mas avós, avôs, tios, primos, amigos íntimos, só devem visitar se forem solicitados (e de preferência um de cada vez para não fazer fila querendo pegar o bebê), ou se disponibilizarem para esfregar roupa suja de cocô e sangue, lavar louça, tirar o lixo do banheiro e fazer um gostoso suco para a mãe sedenta de um líquido após a amamentação. Se a mãe esquecer de dizer obrigada, com certeza, a criança, no seu conforto, agradecerá.

11 de junho de 2009

Regras de etiqueta no elevador

Antes de entrar no elevador, verifique se o mesmo encontra-se parado no andar, mas não esqueça de também verificar se tem bebê ou criança dentro dele ou a sua espera. Se houver:

1) Respeite a criança que dorme em carrinho ou colo na fila do elevador ou dentro dele, falando baixo, ou não falando. Imagine se você estivesse dormindo e alguém, que talvez você nunca tivesse visto antes, começasse a falar bem perto de você... Criança é fofa, às vezes irresistível, mas geralmente é sensível a barulhos.

2) Se a criança fala com você, fale com ela. Se não entende o que ela fala, diga “Ah é...” ou “Que legal.”. Ignorá-la é tão deselegante como não responder a um adulto que divide uma cabine de elevador com você.

3) Diga “Bom dia!”, “Boa tarde!”, “Como vai?”. Criança aprende com o adulto. Se você não faz isso, não reclame mais tarde que o mundo está perdido por ter tanta gente sem educação (e está mesmo porque você é um deles!).

4) Tem mais de uma criança no elevador? Mesmo que tenha simpatizado mais com uma, dê atenção igual a todos, mesmo que a atenção seja apenas um sorriso e um oi. Já ouviu falar em ciúme? Não é feio sentir ciúme, mas esquecer que ele existe…

5) Se a criança falar alguma coisa que deixe alguém constrangido, só dê um sorrizinho e não fale nada. Às vezes o silêncio é a melhor palavra (se não para você, para a criança ou para quem está com ela).

6) Não ofereça comida (em geral guloseimas) para a criança se você não conhece a rotina dela. Comida fora de hora atrapalha as refeições. Você segue o seu caminho e deixa a bucha com quem cuida da criança.

7) Não se sinta ofendido se oferecer ajuda e o acompanhante da criança, ou ela própria, negar. Tem criança, especialmente entre 2 e 3 anos, que se não seguir alguns rituais diários, fica maluca da vida. Ela sabe e ela quer fazer, não admite que outra pessoa faça (por exemplo, apertar o botão do elevador ou abrir a porta). Ser gentil, nessas horas, é permitir que a criança faça (ou tente fazer).

8) Se uma criança der um show na sua frente fique quieto e não julgue nem a criança, nem quem está com ela. O escândalo é uma fração da vida delas e não a vida delas (e você não tem nada a ver com isso – melhor que cada um cuide do que é seu).

4 de junho de 2009

Criança percebe que a mãe está grávida

Tem quem diga que criança “não entende nada”. Não sou desta opinião. Criança entende e percebe as coisas mais do que a gente pensa e, às vezes, entende e percebe as coisas mais do que gente grande. Fico surpresa quando alguém me conta que está grávida do segundo filho e que o primeiro “não entende o que está acontecendo porque ainda é muito pequeno”. Será?

Concordo que entender uma gravidez, no sentido biológico, é um tanto complexo para uma criança de um ano e três meses, mas negar sua percepção em relação à ela é medíocre. A criança tem a capacidade de perceber o que acontece ao seu redor como poucos. Suas barreiras frente ao mundo ainda estão sendo construídas e o que rola ao seu redor é percebido com intensidade. Quem nega essa percepção, e subestima a capacidade da criança de perceber o mundo, é o adulto.

Na gravidez da Lalinha, com cinco dias de atraso da minha menstruação (ela já vinha atrasando e achei que tudo ia bem) o RoRo não conseguia dormir. Era uma inquietação de sono diferente das outras que já tivera. Eu estava cansada e, para não levá-lo para minha cama, decidi abrir o sofá cama que ficava no escritório para ver se ele adormecia ao meu lado. Ele dormiu, abraçado em mim, com a cabeça sobre a minha barriga. A cada tentativa de tirar sua cabeça da minha barriga, ele voltava para ela. Foram dois dias dormindo assim, até que confirmei a gravidez. No mesmo dia em que soubemos do resultado, contamos ao RoRo que na barriga da mamãe tinha uma bebê que estava vindo para se mais uma pessoa para amá-lo muito. Como um passe de mágica ele voltou a dormir tranquilo em seu berço.

Acredito que a mágica foi ter verbalizado o que seu precário vocabulário não conseguiu dizer, mas que sua sensibilidade aguçada disse num gesto mais bonito do que muitas palavras. Deitado na minha barriga ele não brigava por espaço, querendo a mãe só para ele. Ele fazia carinho naquele serzinho em formação, pois sabia que o bebê estava vindo ao mundo para fazer nossa casa ainda mais feliz. E assim tem sido.