4 de outubro de 2010

Já sei!

O RoRo está na fase "mania de explicação"; quer saber tudo e, muitas vezes, já sabe tudo. Por quê sou mais velha do que ele? Por quê nasci antes dele? Simplesmente pela mais deliciosa resposta que uma mãe poderia ouvir: "Já sei, para você poder ser minha mãe!". Nunca ter 38 anos foi tão bom na vida!





3 de setembro de 2010

Filho de peixe...

Minha irmã tem olhos verdes; meu irmão, azuis. Sendo a chorona filha do meio, claro, não podia ser diferente... Nasci com olhos castanhos, de onde rolaram muitas lágrimas na infância pelo infortúnio de ter nascido com olhos escuros.

O drama passou, as lágrimas secaram, e me apropriei tanto da cor dos meus olhos que nunca, mas nunca mesmo, pensei em ter um filho com olhos claros. Até o Príncipe Encantado dos meus sonhos tinha olhos e cabelos castanhos. Ainda bem que o sonho virou realidade... e com ele tive um lindo filho com olhos azuis e uma linda filha com olhos que parecem duas jabuticabas daquelas que estralam na boca, grandes, vivas e pretinhas.

Como filho de peixe, peixinho é, um dia desses vejo o bico de choro do RoRo numa face, um tanto teatral, de inconsolável tristeza. Como a mãe, ele chorava por causa da cor dos olhos. Só que suas lágrimas caiam porque eles não eram castanhos...

1 de setembro de 2010

Virtual-Vivo

Vendo umas fotos com o RoRo, num primeiro instante ele não entende porque, numa mesma foto, aparecem duas Lalinhas. Logo ele conclui: "Já sei, tem uma no espelho e a outra viva".






...um pouco como a janela de São Luís do Paraitinga, feita por ele este na escola em homenagem ao famoso Carnaval da cidade destruída pelas chuvas no início de 2010.

24 de agosto de 2010

Bolo de Chocolate com Mel

Minha mãe sempre teve uma receita infalível de bolo de chocolate. Eu adaptei e diria que é um dos melhores bolos que já comi. As crianças adoram.

1 1/2 xícara de farinha de trigo peneirada (ou 1 xícara de farinha de trigo e 1/2 xícara de farinha de trigo integral peneiradas)
1/2 xícara de chocolate em pó
1 xícara de leite
1 xícara de açúcar demerara
2 colheres de sopa de mel
150g de manteiga ou margarina
2 ovos
1 colher de chá de canela em pó
1 colher de sopa de fermento em pó

Bata na batedeira a manteiga, o açúcar e o mel até formar um creme. Acrescente os ovos (com clara e gema) e bata até o creme dobrar de volume. Acrescente o chocolate e a canela e bata para fazer um creme homogêneo. Aos poucos, acrescente a farinha e o leite alternadamente, mexendo com uma espátula. Bata rapidamente com a batedeira para ter certeza de que não ficou nenhum grumo de farinha. Acrescente o fermento e misture leve e rapidamente. Coloque a massa em fôrma untada com manteiga e farinha e leve para assar. Dispensa até a cobertura!

6 de agosto de 2010

Que vergonha!

Fiquei 2 meses e meio só com faxineira em casa e, por isso, tive que usar parte do tempo que eu tinha com as crianças para fazer alguma coisa doméstica. Disse ao RoRo que quando eu arrumasse uma ajudante eu teria bastante tempo para brincar com ele. Encontrei a ajudante e comecei a colocar a vida em dia. Numa rara tarde de sono dele, ele acordou, tomou seu leite rotineiro e ficou quietinho assistindo a um desenho.

Achei que tudo ia bem, até eu tomar um merecido puxão de orelha: "Mamãe, você disse que quando arrumasse uma ajudante ia ter mais tempo para brincar comigo. Você arrumou a ajudante e está no computador! Vem brincar comigo!" O tom foi tão imperativo que mais do que depressa deixei o que eu fazia para fazer o que eu prometera. Tomei uma bronca tão grande, que me envergonhou.

23 de março de 2010

Um tempo para mim

O tempo perguntou pro tempo
quanto tempo o tempo tem.
O tempo respondeu pro tempo
que o tempo tem tanto tempo
quanto tempo o tempo tem.

Com a Lalinha na escola, tem sido ótimo fazer qualquer coisa sozinha, sem pressa, sem filho pra carregar no colo, dizer não, amarrar na cadeira do carro, correr porque é hora de comer. Sei que daqui um tempo este tempo não vai mais me ser necessário, mas agora ele é vital. Tem 4 anos que minha vida está no tempo dos meus filhos. Parece incrível, mas até o supermercado mudou de cara. Fazer feira em 40 minutos e não em uma hora e pouco é uma glória. Andar no meu tempo tem sido minha grande conquista e prazer.

E com um pouco mais de tempo, muita gente me pergunta se eu não vou voltar a trabalhar. Minha resposta é não, não chegou a hora. Não tenho vontade ainda. Como eu posso querer trabalhar se estou me reencontrando agora? Trabalhar neste momento é um atropelo, não estou inteira (nem meus filhos!).

Bem que eu gostaria de ser o tempo para ter todo tempo que o tempo tem...

Uso do vaso sanitário

Como foi difícil para o RoRo usar a privada. Primeiro, fazer xixi. O xixi intencional só saía no ralo do chuveiro, mesmo fora da hora do banho. Com muita insistência do pai, a privada virou o alvo do xixi. Mas o cocô... Esse, só na fralda, mesmo depois de tirar a fralda noturna.

Na tentativa de obter sucesso, compramos todos os livros e filmes com o tema, privadinhas, redutor de assento. Valia levar livrinho para ler no banheiro, contar história, ter companhia, ficar sozinho, tudo! Até ajuda profissional pedimos (mesmo com o pediatra dizendo que podíamos esperar até os 5 anos) e a orientação foi: "Cheguem em casa e expliquem que ele cresceu e que fralda é coisa de nenê, que ele não precisa dela para fazer côco". Tudo explicado, colhemos o que temíamos, uma tremenda constipação. Voltamos para a fralda, afinal,  o RoRo tinha deixado a chupeta, o paninho, a mamadeira... Uma hora ia também abandonar a fralda.

Ouvi as mais variadas hipóteses, principalmente que talvez ele não conseguisse se desprender de sua "obra". Sabíamos que esta hipótese era furada, pois todos os cocôs iam da fralda para a privada com um tchau vitorioso. Este não era o problema.

A situação estava ficando insustentável. Nem fralda do seu tamanho era fácil de encontrar... Ele já estava com quase 4 anos!

A segunda tentativa de erradicar este comportamento foi dizer que ele teria que sentar-se na privada, mesmo com fralda. Imaginávamos que esta seria uma forma de se familiarizar com o vaso. Ledo engano.

Foi aí que nos demos conta que toda essa situação era criada para nos manipular: a hora de fazer cocô era a hora do almoço (e a Lalinha dependia de nós, pais, para comer). Pedir para colocarmos sua fralda era um jeito de ter nossa atenção com exclusividade ou de fazer com que a irmã não a tivesse por inteiro.

Tentamos cortar a situação dizendo que eu não iríamos mais colocar a fralda, que se ele não usasse a privada teria que colocá-la sozinho. Rapidinho ele aprendeu a colocar a fralda. O que demoramos para perceber é que não havíamos feito o corte por inteiro. Ele punha a fralda e nós a tirávamos. A dinâmica continuava a mesma, até que um dia dissemos: "Agora é hora do almoço. Quer fazer cocô na fralda, coloque-a e depois que fizer cocô, tire-a. Um de nós vai no banheiro só para te limpar". Foram 2 dias reclamando. No terceiro encarou o trono na maior naturalidade.

O que lhe faltava não era maturidade, nem limite de "senta e faz, você cresceu". Faltava a compreensão de que a fralda estava sendo usada como um instrumento para ganhar, num determinado momento do dia, atenção exclusiva. Ela tinha poder: eu posso, eu faço. Ela era sua "obra".

Acantonamento

No meio do mês passado a escola das crianças fez um acantonamento, uma noite em que as crianças com mais de três anos podem dormir na escola e participar de atividades programadas para a ocasião.

Até o ano passado, mesmo com 3 anos, eu não havia cogitado a ida do RoRo porque ele só dormira sozinho na casa dos meus pais algumas raras vezes e, sempre que questionado se queria dormir na casa de alguém a resposta era não. Achei que seria forçar a barra.

Este ano, ouvindo a confirmação da presença de crianças menores, perguntei-lhe se gostaria de participar do acantonamento. Ele disse que sim, apesar dos pouquissímos amigos de sua sala participarem (e os que participaram estavam acompanhados de irmão mais velho).

A noite chegou e ele estava alegre, feliz, contando para todos que dormiria na escola. Pegamos a mochila arrumada conjuntamente, o colchonete comprado especialmente para a noite, e parti para a aventura de deixá-lo dormir fora de casa pela primeira vez (a casa dos meus pais não conta!).

Confesso que achei tudo diferente. A escola vista à noite, as salas transformadas em quartos, professores e alunos de outro período presentes e do nosso período ausentes, ex-alunos... Era outra escola. Todos brincavam, mas achei o RoRo meio tenso. Vim para casa e resolvi (tentar) dormir  no meu horário habitual. Eu não estava tranquila. O RoRo tinha ficado apreensivo no familiar novo ambiente. Com muito esforço adormeci e um tempo depois o telefone tocou. Eram mais de 11 da noite. Enquanto existiu brincadeira ele curtiu. Na hora de dormir, preferiu voltar para casa.

Mesmo sonolenta, o curto percurso de casa para a escola virou uma longa exibição de flashes do meu pai fazendo baldiação noturna de filhos e amigos dos filhos e do que meu futuro me reserva (pensei "Isso é tarefa para pai, mãe já acorda muito na infância!" - apesar de ser totalmente adepta, hoje, a filho, no futuro, só sair a noite de táxi ou outro transporte seguro). Quando cheguei na escola havia um silêncio inabitual - as crianças já dormiam. No pijama verde de aviões, tive orgulho daquela carinha linda cheia de lágrimas. Torcíamos para a empreitada ser um sucesso. E foi. O RoRo teve a vontade de experimentar e a percepção do seu limite. Foi grande. Voltou para casa certo de que nela ele tem o apoio que precisa, trazendo da sua tão saborosa experiência uma bala da pinhata para cada um de nós.